Guia Literário do Rio de Janeiro

Uma cidade em transformação: de meados do século XIX ao início do século XX

  • Pai contra Mãe – Rua dos Ourives e Rua da Alfândega

    “Não estava em maré de riso, por causa do ëlho que lá ëcara na farmácia, àespera dele. Também é certo que não costumava dizer grandes cousas. Foiarrastando a escrava pela rua dos Ourives, em direção à da Alfândega, onderesidia o senhor.” Assis, Machado de. Pai contra Mãe. Relíquias de casa velha, 1906. In: Assis, Machado…

  • Pai contra Mãe – Rua da Guarda Velha, Rua da Ajuda, Largo da Ajuda e Rua de São José

    Ao entrar na rua da Guarda Velha, Cândido Neves começou a afrouxar o passo.— Hei de entregá-lo o mais tarde que puder — murmurou ele.Mas não sendo a rua inënita ou sequer longa, viria a acabá-la; foi então quelhe ocorreu entrar por um dos becos que ligavam aquela à rua da Ajuda.Chegou ao ëm do…

  • Pai contra Mãe – Rua dos Barbonos

    “Cândido Neves foi obrigado a cumprir a promessa; pediu à mulher que desse ao ëlho o resto do leite que ele beberia da mãe. Assim se fez; o pequeno adormeceu, o pai pegou dele, e saiu na direção da rua dos Barbonos.” Assis, Machado de. Pai contra Mãe. Relíquias de casa velha, 1906. In: Assis,…

  • A Cartomante – Rua dos Barbonos, Rua das Mangabeiras, Rua da Guarda Velha

    “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de seramada; Camilo não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele,correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar desentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, ondemorava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela…

  • A Cartomante – Largo da Carioca

    “Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavrasestavam decoradas, diante dos olhos, ëxas; ou então — o que era ainda pior —,eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. ‘Vem já, já, ànossa casa; preciso falar-te sem demora.’ Ditas assim, pela voz do outro,tinham um tom de mistério…

  • A Cartomante – Rua da Guarda Velha

    “Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e ëxo. Jurou que lhequeria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quandotivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeua;disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, edepois…— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar…

  • Clara dos Anjos – 2

    “A rua em que estava situada a sua casa se desenvolvia no plano e, quando chovia, encharcava e ficava que nem um pântano; entretanto, era povoada e se fazia caminho obrigado das margens da Central para a longínqua e habitada freguesia de Inhaúma. Carroções, carros, autocaminhões que, quase diariamente, andam por aquelas bandas a suprir…

  • Clara dos Anjos – 1

    “Apesar disso, na sua simplicidade de nascimento, origem e condição, Joaquim dos Anjos acreditava-se músico de certa ordem, pois, além de tocar flauta, compunha valsas, tangos e acompanhamentos de modinhas. Uma polca sua – “Siri sem unha” – e uma valsa – “Mágoas do coração”- tiveram algum sucesso, a ponto de vender ele a propriedade…

  • Os tatuadores – 3

    “Os turcos são muçulmanos, maronitas, cismáticos, judeus, e nestas religiões diversas não há gente mais cheia de abusões, de receios, de medos. Nas casas da Rua da Alfândega, Núncio e Senhor dos Passos, existem, sob o soalho, feitiçarias estranhas, e a tatuagem forra a pele dos homens como amuletos. Os maronitas pintam iniciais, corações; os…

  • Os tatuadores – 2

    “Da tatuagem no Rio faz-se o mais variado estudo da crendice. Por ele se reconstrói a vidaamorosa e social de toda a classe humilde, a classe dos ganhadores, dos viciados, das fúfias16 de portaaberta, cuja alegria e cujas dores se desdobram no estreito espaço das alfurjas17 e das chombergas18 ,cujas tragédias de amor morrem nos…